17 de abril de 2010

O lenço


O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o

Ainda me lembro, esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido

Num peito de fogo intenso
E se acaso hoje penso
No qual infantil receio
Muito orgulhoso, guardei-o

Lamento a minha loucura
Porque esse lenço perjura
Tinha um coração no meio

Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgado

Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste

Do que serve a dor e calma
Vesti de luto minh’alma
Quando ao nosso amor faltaste

Vejo os sorrisos, afagos
Que me deste, hei-de esquecê-los
Pois os teus doces, desvêlos
Com meus beijos foram pagos

Teus olhos eram dois lagos
Lascivo era o teu seio
Foi tudo efémero e leio
Breve fugaz ilusão

Magoaste-me o meu coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o


by: Henrique Rego/Alfredo Duarte


2 comentários:

Anónimo disse...

Quantos de nós nos sentimos assim...

Tia Complicações disse...

Lindo poema, a desilusão é mesmo assim,cada pessoa reage à sua maneira....