O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
Ainda me lembro, esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
Num peito de fogo intenso
E se acaso hoje penso
No qual infantil receio
Muito orgulhoso, guardei-o
Lamento a minha loucura
Porque esse lenço perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgado
Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste
Do que serve a dor e calma
Vesti de luto minh’alma
Quando ao nosso amor faltaste
Vejo os sorrisos, afagos
Que me deste, hei-de esquecê-los
Pois os teus doces, desvêlos
Com meus beijos foram pagos
Teus olhos eram dois lagos
Lascivo era o teu seio
Foi tudo efémero e leio
Breve fugaz ilusão
Magoaste-me o meu coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
by: Henrique Rego/Alfredo Duarte
2 comentários:
Quantos de nós nos sentimos assim...
Lindo poema, a desilusão é mesmo assim,cada pessoa reage à sua maneira....
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